Gilberto Luiz Alves, já na apresentação, esquadrinha o percurso de criação e as funções da cerâmica indígena na sua história, desde a chegada, no século XVIII, dos grupos em destaque – Kinikinau, Kadiwéu e Terena –, na região onde hoje se encontram, à contemporaneidade. A reconstrução dessa transição do passado ao presente, cerne do livro Cerâmica Indígena Contemporânea em Mato Grosso do Sul, realizou-se a muitas mãos, fruto de pelo menos dez anos de investigações, que envolveram o autor em inúmeras pesquisas, entrevistas, contatos e visitas às aldeias; bem como na orientação de dissertações e teses, barro aqui modelado, tal qual um vaso kadiwéu, um prato terena ou uma panela kinikinau, pelas suas mãos hábeis e sensibilidade. De fato, nada melhor do que um artífice da ciência para desvelar, com clareza e lucidez engajadas, os percalços e limites que ainda hoje enfrentam ceramistas indígenas, na luta para retirar parte do seu sustento do barro que moldam.
- Silvia Helena Andrade de Brito