Embora compartilhemos o mesmo destino biológico dos organismos mais simples da Terra, somos os únicos seres agraciados — ou amaldiçoados, dependendo da perspectiva — com a consciência do fim. Enquanto outros animais desfrutam da imortalidade da espécie, alheios ao seu destino, nós, humanos, somos confrontados com a inevitabilidade de nossa própria aniquilação, que se aproxima a cada segundo. Este trabalho explora esse dilema existencial através do vasto imaginário simbólico, uma dimensão que transcende qualquer definição que não se dê por meio do próprio símbolo. O foco é a compreensão da morte e do morrer a partir do simbolismo tumular e religioso no Cemitério da Saudade, em Belo Horizonte, Minas Gerais. Sendo a segunda necrópole mais antiga da capital, o Cemitério da Saudade está profundamente entrelaçado à história da cidade. Originalmente criado para sepultar aqueles sem recursos para adquirir uma sepultura no Cemitério do Bonfim, tornou-se um lugar onde as memórias comunitárias e religiosas das camadas populares se materializam. Este estudo investiga como os símbolos presentes nesse cemitério, especialmente os que buscam conexão com o sagrado, oferecem sentidos existenciais diante de um dos maiores dilemas da experiência humana: a perda de entes queridos e a consciência de nossa própria finitude.