Autora de Chocolate, levado aos cinemas com Juliette Binoche e Johnny Depp, a britânica Joanne Harris conta, em Cavalheiros e jogadores, uma história em que discórdia, ambição, tradição e segredos do passado dão forma a uma trama envolvente.A placa que demarcava o limite entre o mundo em que vivia e aquele do qual nunca faria parte, apesar da vontade maior que tudo, era intimidadora. A elitista escola de St. Oswald reluzia, os estudantes não tinham um fio de cabelo fora do lugar, a vida ali tinha outro brilho, muito distante da realidade no colégio imundo e ineficiente em que estudava o filho do zelador John Snyde. E imediatamente tudo aquilo passou a ser um objetivo de vida, levando o tempo que fosse. A vida não parecia muito justa, mas os percalços talvez servissem de incentivo para aprender a se virar, nem que isso implicasse em burlar leis.Esse desejo marca o início de uma espécie de jogo de xadrez arquitetado em Cavalheiros & Jogadores. A história desenrola-se combinando duas narrações. Enquanto o peão começa a percorrer o tabuleiro sorrateiramente, o rei pressente o perigo 15 anos mais tarde.O professor de línguas clássicas Roy Straitley calcula o número de semanas que ainda faltam para completar 100 períodos de aula em St. Oswald. Havia, porém, algo de novo no ar, um quê de conspiração. Uma série de episódios esquisitos – lista de chamada que desaparecia, sua caneca que sumira da sala comunal, pichações no muro de sua casa. Tudo aquilo estava soando muito estranho para Straitley. Era preciso ficar atento.