"Este livro contém mais que relatos de sequestros e desaparecimentos forçados de crianças e adolescentes, praticados por agentes da repressão aos movimentos de resistência à ditadura brasileira (1964-1985). Ele demonstra inequivocamente o terrorismo de Estado cometido no período. A ninguém é facultado fazer desaparecer pessoas, mudar suas identidades, deixar cadáveres insepultos. Mas quando isto é feito pelo próprio Estado, resta configurado um crime contra a humanidade, insuscetível de anistia ou prescrição. Entretanto, tais fatos jamais foram admitidos ou investigados. No dizer do próprio autor, praticou-se "o desaparecimento e o desaparecimento do desaparecimento", o que colocou as vítimas em um "cativeiro sem fim".
Após concluir sua profunda e cuidadosa pesquisa, Eduardo Reina cuidou, antes mesmo da publicação deste livro, de levar os fatos criminosos que apurou ao conhecimento do Ministério Público Federal, pela Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão. Esta, por sua vez, transformou o depoimento de Eduardo em representação a cada um dos órgãos ministeriais com atribuição sobre as graves lesões cometidas.
Estamos, portanto, diante de uma obra absolutamente meritória, escrita por um jornalista que acima de tudo é um cidadão a serviço da Memória, da Verdade e da Justiça. Para que não se esqueça, para que não se repita!
Eugênia Augusta Gonzaga
Procuradora Regional da República
Presidente da Comissão Especial sobre
Mortos e Desaparecidos Políticos"