A criação de ambiências em Catatau resulta da verborragia do personagemRenatus Cartesius, cuja linguagem e pensamento não seguem os ditames da recta-ratio. Ao contrário, percorrendo o labirinto de enganos que oferecem novos caminhos ao recém-chegado nos trópicos brasileiros, o personagem experimenta outros sentidos, como se olhasse tudo pela primeira vez. Nesse processo, ele cria novas ambiências mediante uma voz em performance, da qual emanam as energias do corpo e do pensamento.
Linguagem fronteiriça, Catatau é vários livros em um, ou mais precisamente, uma escritura movente que viabiliza camadas de leitura e criação de novas ambiências sonoras, pois não se trata apenas de ler, mas sim de ouvir sons não previstos que oferecem ao leitor possibilidades e não caminhos.
É nesse sentido que caminha a temática abordada na obra de Leminski, a qual, sem mapas pré-definidos, propõe experimentações com a linguagem e com o pensamento. O que se revela como projeto é o intercâmbio de experiências e de linguagens múltiplas, atualizando constantemente essa Babel de signos colocados diante de nós.