A poesia tem a função social de "despertar a Língua Materna", de desassossegar o leitor, causar espanto e dor, admiração e amor incontido através das palavras. Já dizia a Bíblia: "E o Verbo se fez carne; e habitou entre nós." É este Verbo Primordial, criador de todas as coisas e significados que Juan Pablo utiliza na construção do seu livro de poemas. Depositário da mais alta tradição da poesia, ele inicia seu livro com os haicais inspirados por Matsuo Bashô, poeta japonês e o grande expoente desta forma de poesia, principalmente em terras brasileiras. Se o poeta é demiurgo, formador de novos mundos, Juan Pablo usa e abusa da tradição oriental, e escreve: "Sejas em mim o infinito / do verbo nascer / até o chão tem asa, e tenho dito, / que o que há de mais bonito é crescer." Assim, como quem chega de mansinho, o poeta chega misteriosamente, falando de coisas triviais e espantosas ao mesmo tempo. Utilizando a natureza como mote principal de seus haicais, ele toca profundezas do leitor. Lívia Petry: Escritora, Poeta, Professora Doutora na área de Letras.