Carnaval de Pedras" insere-se na tradição de poetas que fazem da experiência pessoal um território simbólico, no qual a mineralogia e a geografia carioca se tornam extensões de uma jornada existencial marcada por deslocamentos e fissuras. Lasana Lukata constrói uma poética da dureza e da resistência, onde a pedra não é apenas um elemento geológico, mas um signo da ancestralidade, do trabalho e da própria linguagem – bruta e lapidada ao mesmo tempo. O livro dialoga com a memória e a transformação, revisitando a infância, a relação complexa com a madrasta Diamantina e a paisagem urbana empedrada de ausências e descobertas. O jogo entre português e espanhol expande as camadas expressivas do texto, enquanto a fusão entre o lírico e o surreal amplifica sua força imagética. Como quem escava camadas de sentido, Lukata nos convida a atravessar um carnaval de formas, dores e iluminações, onde a palavra é ferramenta e destino.