Numa época passada, vivia próxima à orla do Saara uma orgulhosa tribo de ricos mercadores e de elevada cultura. Esta também com disposição guerreira e enraizada nas tradições dos povos do deserto, tinha o costume de os varões, no seu décimo sexto ano de vida, serem convocados para uma audiência com o xeque e decidir o futuro dentro da tribo. Um jovem de nome Hakim, enquanto esperava ansioso pela audiência, distraía-se observando o sol que ia mergulhando no oeste e queimando a areia do deserto. Ele pensava nas lições simples da vida, no seu futuro e na bela Amira, uma mocinha que tanto amava, desde os seus sete anos de idade. "Por que o amor não cansa de amar a tudo isso, de sentir a tudo isso infinitamente...? Ou por que ao fitar certa moça, deixo de existir aqui ou em qualquer outro lugar? Semelhante às primeiras sombras da manhã que não resistem ao avançar da luz." Enquanto tentava premeditar os acontecimentos, teve a atenção fisgada pelas flâmulas heráldicas da sua tribo. Ali hasteadas em cada canto da tenda do xeque. No centro havia uma vermelha que se destacava pelo tamanho e altura. Todas se agitavam nervosamente em função de um algum vento fortuito. Olhando-as, indagava à sua alma, se não seria ele como uma daquelas flâmulas, afinal? Soltas na ventania do mundo e presas ao império dos homens. Naquele momento só desejava ser um chefe de caravana de sua amada tribo. Contudo, o que a vida lhe reservava seria bem diferente.