O livro Capitalismo e migração: o acesso dos imigrantes venezuelanos às políticas sociais no Brasil lança um novo olhar sobre os fluxos migratórios no contexto contemporâneo a partir da compreensão desse fenômeno como movimento intrínseco do modo de produção capitalista. Assim, a partir das categorias política social, capitalismo e migração, busca investigar detalhadamente os meandros que envolvem essa realidade lançando mão de dados primários – pesquisa de campo no estado de Roraima, entrevistas com os gestores das políticas sociais, atores estratégicos e os imigrantes – e secundários – análise documental e bibliográfica. O aprofundamento da investigação dá-se por meio da análise da configuração do capitalismo mundializado e sua relação com o fenômeno da migração internacional; a relação geopolítica internacional e os desdobramentos para o aprofundamento da crise venezuelana; a organização da política migratória brasileira e o acesso dos imigrantes às políticas sociais. Dessa forma, constata-se que o projeto neoliberal em curso no Brasil reforça estigmas e estereótipos de culpabilização do imigrante e, por meio da militarização da migração, tende a se distanciar das diretrizes de uma política migratória emancipatória. Com isso, o Estado desconsidera o potencial positivo da migração e utiliza as políticas sociais como mecanismo político que impulsiona a concorrência entre os imigrantes e os brasileiros. Como desdobramento, não se constroem coletivamente as bases de organização para a promoção de uma sociedade de destino justa e igualitária. O contexto do estado de Roraima é marcado por disputas e enfrentamentos que traduzem diferentes projetos societários e de classe, em que emergem sujeitos coletivos que se posicionam em defesa de uma concepção de sociedade livre de exploração, preconceito e violência contra os imigrantes. Contudo, apesar de se mostrarem resistentes às investidas neoliberais, esses sujeitos estão na contramão do projeto hegemônico em curso. Dessa maneira, a construção de uma contra-hegemonia só poderá ocorrer com a participação ativa dos imigrantes venezuelanos em articulação com os movimentos que partilham dos princípios da política migratória brasileira. Todavia, as necessidades imediatas por sobrevivência – saúde, alimentação, habitação, trabalho e renda –, enquanto não superadas, são focos primários de atenção dos imigrantes. Por isso, a importância de desvelar o real em torno do acesso desse grupo às políticas sociais