Este livro se propõe a examinar duas metáforas frequentemente empregadas por Ludwig Wittgenstein para a descrição do fenômeno linguístico ao longo de sua obra – a saber: a concepção da linguagem como um cálculo autônomo dotado de regras fixas e determinadas, vinculada principalmente a seus textos iniciais e intermediários, e a comparação entre linguagem e jogo, que é extensivamente mobilizada a partir da etapa tardia de sua filosofia. Portanto, após uma breve exposição das origens mais remotas da analogia entre linguagem e cálculo na história da filosofia, parte-se para uma exposição da forma como essa ideia se encontra implícita no projeto do "Tractatus Logico-Philosophicus". A fim de explicar as razões que levaram o filósofo a abandonar essa primeira analogia em favor da segunda – "linguagem como jogo" –, devem-se percorrer diversos dos problemas com os quais Wittgenstein se ocupou durante o período intermediário, quando abandonou paulatinamente os mais fundamentais pressupostos teóricos tractarianos. Simultaneamente, identificam-se as características distintivas do modelo do cálculo nesse período, que já se vê alterado em relação aos trabalhos das décadas precedentes. Nos capítulos finais são abordadas as críticas apresentadas pelo autor nas "Investigações Filosóficas" à sua própria filosofia de juventude, bem como a gênese das então recorrentes comparações entre linguagem e jogo.