Fruto de uma gravidez de alto risco, meu filho caçula nasceu precocemente e precisou de várias semanas numa incubadora de UTI antes de ir para casa. A distância de casa me aproximou ainda mais dele. Todos os dias durante as visitas ele se deitava desnudo no meu peito para ouvir histórias. Mais tarde, quando ele tinha três anos, ao contrário da maioria das crianças, ele reagia diferentemente ao ouvir histórias de ninar. Ao invés de dormir, ficava ainda mais aceso, interagindo com a história, querendo saber os detalhes, ansioso para saber seu desfecho. Isso foi muito útil e prazeroso... e estreitou ainda mais os nossos laços de amor. Dois anos depois, uma fatalidade nos levou de volta ao hospital. Durante dias todos os amigos abandonados que cruzaram meu caminho e meu quintal 'desfilaram' pelo quarto do hospital. Amigos de todos os perfis e destinos... Amigos com pedigree, amigos vira-latas, amigos escorraçados e expulsos de casa, amigos feridos, amigos simplesmente abandonados numa encruzilhada qualquer. Amigos acolhidos com carinho... Amigos que muito contribuíram para minha evolução pessoal. O título "Cachorradas da Minha Vida" pretende prender a atenção do leitor e chamá-lo à baila para a importância e necessidade de socorrer e tratar com dignidade todo ser vivo! Afinal estamos de passagem por esta vida em constante evolução e lembrar que tanto o homem quanto o animal vêm da mesma fonte, do mesmo Pai... e que recebem d'Ele – e merecem de nós – igual carinho.