O presente livro versa sobre o caboclinho (também denominado cabocolinho), agremiação popular de representação da cultura indígena, composta por não indígenas, que se apresenta
(música-dança) principalmente durante os dias de carnaval. Os artigos aqui reunidos partilham do interesse em contribuir para novas pesquisas sobre o tema, para ações voltadas à valorização e à salvaguarda do caboclinho, bem como para a melhoria da qualidade de vida dos seus participantes, questão ainda pouco discutida nas políticas patrimoniais vigentes.
Os sentidos etnocoreológicos dos corpos que dançam; uma caminhada pelas ruas da cidade de Goiana, acompanhando um bode, em um contexto marcado pela religiosidade; a criança que brinca com os instrumentos musicais e logo se integra ao grupo; a dificuldade e a burocracia impostas aos grupos de caboclinho para recebimento de um cachê artístico; a autocrítica do pesquisador enquanto alguém que afeta e é afetado pelo grupo observado, entre outras imagens e questões que atravessam os artigos aqui reunidos são janelas para um cenário de resistência e criatividade. Ao descrever o caboclinho no primeiro quartel do século XXI, o livro apresenta um mosaico amplo e diverso, ainda assim incompleto e inconcluso, diante da grandiosidade e complexidade dessa manifestação cultural, que é uma das mais expressivas da faixa litorânea do Nordeste oriental.