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Cabeças de segunda-feira

Cabeças de segunda-feira

Sinopse

O absurdo da vida moderna em uma cidade grande encontra em Ignácio de Loyola Brandão um crítico cruel e impiedoso, com um humor agridoce que pode ser, no fundo, simpatia, condescendência ou a suprema forma de sarcasmo. Ou todas reunidas, batidas em liquidificador e bem misturadas. Pode ser. Cabeças de Segunda-feira, com as suas situações insólitas, suas frustrações e suas obscenidades, exprime um pouco desses sentimentos, mas também a relação de amor e asco, fascínio e repulsa que o autor mantém com a sua época e a cidade em que vive. O livro divide-se em cinco grandes temas (a criação, o desejo, o amor, o homem, a mente), que podem servir de inspiração para histórias de todo tipo e formato, bem comportadas, quadradas, redondas. Loyola deles extraiu uma mistura ácida de insólito e gozação, um pouco além ou aquém da realidade (a anã pré-fabricada, a irrefreável parideira), e flagrantes do caos urbano, em visão cínica e implacável: o gozo atrás das árvores, obscenidades para uma dona de casa. Mas há também lampejos de simpatia (em realidade simpatia e crueldade, um jogo sadomasoquista com a personagem) pelos sonhadores frustrados, quase sempre inofensivos, como no sarcástico "45 Encontros com Vera Fischer". Simpatia e sarcasmo se aguçam ainda mais quando trata do sonhador erótico que às mulheres de carne e osso prefere as mulheres irresistíveis das revistas pornográficas ("Anúncios Eróticos"). A fantasia superando a realidade, a fuga da vida, temas tão frequentes na obra do autor.

Autor

Jornalista e escritor, Brandão publicou dezenas de livros, entre romances, contos, crônicas e viagens, além de ter participado de várias antologias. Nasceu em Araraquara (SP), em 31 de julho de 1936. Filho de um ferroviário, tornou-se crítico de cinema aos 16 anos, quando soube que crítico não pagava entrada em cinema. Assim enveredou pelo jornalismo. Em 1957, mudou-se para São Paulo e foi trabalhar no jornal Última Hora como repórter. Estreou com um livro de contos sobre a noite paulistana, Depois do Sol. Seu primeiro romance, Bebel que a Cidade Comeu, foi publicado em 1968. Em 1974, foi lançado na Itália o romance Zero, sua obra mais conhecida. Editado no Brasil no ano seguinte, o livro foi proibido em 1976 pelo Ministério da Justiça do governo Geisel. A obra só seria liberada em 1979. Em 1993, iniciou colaboração semanal no jornal O Estado de S.Paulo. Em 1996, submeteu-se a uma cirurgia para a retirada de um aneurisma cerebral e registrou a experiência no livro Veia Bailarina, em 1997. Tendo como cenário a ditadura militar e o exílio, sua obra romanesca faz uma crítica amarga da sociedade brasileira, mas também fala de amor e solidão. Em julho de 2001, por ocasião de seu aniversário, foi homenageado pelo Instituto Moreira Salles, com a publicação de sua vida e obra no volume 11 da série Cadernos de Literatura Brasileira. Em suas crônicas, são frequentes as referências à infância em Araraquara, aos colegas de geração e ao cotidiano da cidade de São Paulo.