Em um momento em que a infância sofre ataques por parte dos apelos midiáticos ao consumo, pela escassez de espaços públicos planejados para ela, pela falta de segurança, pela institucionalização e escolarização precoce etc., a proposta deste livro é discutir o brincar como componente fundamental no desenvolvimento infantil.
A escola como ambiente de aprendizagem não pode deixar o brincar em segundo plano, para momentos de descanso ou como premiação. Ao contrário, o brincar, por sua inerência na vida da criança, deve ser a diretriz curricular e estar presente em todos os momentos.
O estudo realizado em uma creche pública constatou que, mesmo com uma proposta de educação integral, com um ambiente aconchegante, que convida para o brincar, ainda existe uma barreira que impede a sua efetivação na prática, pois os horários destinados a essas atividades são mínimos e orquestrados, não possibilitando à criança a escolha sobre o que, como e em que tempo pode brincar; tudo é preparado e direcionado pelo adulto.
A análise aponta para um contexto educacional complexo, com práticas autoritárias e dicotomizadas, envoltas em um cenário aparentemente lúdico.