Já estou acostumado com a aproximação de pessoas que sempre me fazem as seguintes perguntas: -Você é tão calado? -De onde você tira estas histórias? -Você e tão jovem pra escrever um livro, alguém te ajudou a escrever essas histórias? Frequentemente pessoas me fazem estas perguntas e até entendo a curiosidade delas, é natural, pois realmente sou calado e às vezes atrapalhado com as palavras quando faladas. Deve ser porque sempre valorizei o silêncio como a forma mais inteligente de agir diante do inexplicável. Não quero que pensem que não gosto dos que falam muito, pelo contrário, gosto de ouvir aqueles que tanto falam que chegam até a se perderem em seus próprios discursos. Tenho por estes uma admiração, pois eles são corajosos e estão sempre precavidos de uma opinião formada sobre qualquer assunto que por alguém seja abordado, consideram-se os donos da razão, chegam a ser inspiradores. Já os calados, como eu, quando são abordados costumam ficar em silêncio, preferem não expressar opinião nenhuma, deixam a impressão de que não falaram porque não sabem, deixam a impressão de serem ignorantes desinformados, deixam os que falam muito acreditarem que são superiores por terem sempre na boca algo a falar. Os calados, como eu, preferem ouvir, ficam atentos a todas as histórias contadas, pois com estas histórias os calados chegam em casa e escrevem livros, desta forma dizem tudo o que pensam para folhas em branco. É por isso que tenho admiração pelas pessoas que falam muito, é por isso que dedico este livro a todos os tagarelas, a eles meu muito obrigado, obrigado por inspirarem pessoas caladas a escreverem livros. Adrielliton Braga