A vida no século 21 é marcada pela sensação de catástrofe iminente. Tem-se a impressão de que a humanidade nunca esteve tão ameaçada como agora, acossada por emergências climáticas, convulsões sociais, conflitos militares e pandemias.
Os perigos costumam vir de fora para dentro, do coletivo para o sujeito. Em Bile negra, Oscar Nestarez propõe inverter essa rota, encenando uma epidemia que surge no âmago das pessoas – suas perturbações psicológicas – e avança devastando tudo pelo caminho. Na origem dos distúrbios, está a bile negra, ou mélas cholé, uma substância cujo excesso, segundo a teoria humoral de Hipócrates, causa a melancolia. Quando possuídas pela bile negra, as pessoas perdem o controle da própria mente e se tornam irreconhecíveis, perigosas até para quem amam. Em meio ao turbilhão, Vex, um jovem tradutor paulistano, luta para sobreviver nesta perturbadora história que se inicia na São Paulo contemporânea e parte rumo ao sul do Brasil.
Esgotado desde 2020 e premiado como melhor romance de horror pela Associação Brasileira de Escritores de Romance Policial, Suspense e Terror (ABERST), Bile negra recebe nova edição revisada pelo autor. E reforça a vocação da literatura de horror para imaginar um mundo cada vez mais perto de seu fim.