Diálogos entrecortados por emoções díspares é, sim, o verdadeiro nome do novo livro de coisas, peças teatrais e contos, de Hersch W. Basbaum. Como sempre, busca a transgressão. Basbaum já se mostrava convencido de que aquilo que expressamos com palavras já está morto em nossos corações. Sempre haverá algo desprezível no ato da fala, ele costumava dizer, onde pululam afirmações como essa, carente de significação. Sim, ele é modesto e tem orgulho disso, chegando a apregoar que: "ninguém é mais modesto do que eu". A ideia do livro é ser veículo para divulgar outras duas de suas peças teatrais, que são "comediação" ou "comediamento" de tragédias ou vice-versa, "tragediação" ou "tragediamento" de comédias – exatamente do jeito como entende a vida – antecedendo nova série contos, alguns novos e outros reescritos, depois de dezenas anos, que puderam ser publicados em seu vitorioso (epa!) primeiro livro, de 1971, equivocadamente denominado de "OBRAS PÓSTUMAS DE E. M." e também em livro posterior, de 1984, "O fâmulo de Cristo ". Este, também, muito bom, de boa aceitação. Sim, vale-se desse critério – um novo conjunto de histórias, para que, à semelhança dos dois últimos livros, de ficção, que publicou, possa completar um novo volume capaz de involucrar, conforme já acentuei, outras duas de suas obras teatrais, de certa forma, também inéditas, afastando-as da crítica roedora das traças, conforme diria Engels. Sim, ele quer que o mundo possa conhecer seus trabalhos de afirmação da dramaturgia como forma de expressão, estética e de ideias, como se uma pudesse independer da outra. Ledo engano. Estas, que agora trago, eu não conhecia. Aliás, nem ele mesmo, eu acho, depois de quase 50 anos! Pois que, e disso eu tenho certeza, se conhecesse – pelo menos, é o que diziam alguns de seus (não tão) amigos de suas relações, e outros detratores – jamais permitiria que fosse divulgado um texto, depositário de ideias, hoje vistas como absurdas, contrastantes e agressivas à inteligência. Segundo consta, essas foram palavras ditas por Suzana Grinkell. Mas ele não deixou essas palavras flutuando, soltas, pelo espaço afora, para quem quisesse pegar e comentou o assunto. Mas ele mesmo se divertia ao falar a respeito disso, de tal sorte que nunca sabemos o que de verdadeiro existe nisso tudo. "Aliás, convém, dizer", falava-me ele: "vá ser crítica assim na casa do chapéu!". Foi isso que ele me comentou ao escutar, de mim, uma ligeira análise, que fiz dos trabalhos em questão. Expressão roubada – diga-se, a bem da verdade – dos comentários da mais assídua de suas namoradas. A que se manteve fiel mesmo quando distante do seio de seus amantes ou, melhor dizendo, dos amantes de seus seios. Azimute é o nome correto dos diálogos, aqui entrecortados por emoções díspares. Já disse isso. Depois de "SOLSTÍCIO" e "EQUINÓCIO", seus últimos livros, nada mais natural que se coloque "AZIMUTE" como projeto literário, justamente na aurora de um novo momento. Azimute, como se sabe, é o ângulo medido no plano horizontal entre o meridiano no lugar do observador e o plano vertical que contém o ponto observado (e daí!?, perguntou o abade), mas que significa, também, dito maldoso, mexerico, disse-me-disse, conforme Houaiss. Mas entre solstício, equinócio e azimute, eu fico com zênite. O "FANERANTO" já nasceu peça teatral, tendo merecido diversas montagens, embora nenhuma tenha sido profissional de fato, apesar do sucesso junto às mais diferentes plateias que tiveram a sorte de poder assistir às diferentes encenações. Mesmo sabendo de êxito fugaz como clarão de um meteoro, que acompanha o êxito teatral.