Em Autoquestionamento em Vidas secas e em Memórias do cárcere, Valéria Teixeira propõe uma visita aos textos de Graciliano Ramos, destacando as mazelas do protagonista do romance de 30, que é tido pelos críticos como o "fracassado". O outro de classe que não conseguindo representação recebe o intelectual como seu porta voz.
A autora busca mostrar, também, que na literatura de Ramos, a crítica social só é possível porque o artista avalia os meios e as formas de expressão de que dispõe, instaurando-se o realismo crítico. Assim, evidencia-se que a arte crítica volta-se sobre si mesma, questiona-se, reformula-se.
Destaca-se, na investigação deste trabalho, que há nas duas obras uma espécie de autoquestionamento: Vidas secas e Memórias do cárcere. A autora propõe um ponto de articulação que frisa a ocorrência de por um lado, o narrador/ intelectual e por outro, o personagem/ iletrado, ambos com avanço estético, mas estagnação social.
Dessa maneira, esta escrita convida o leitor a perceber que a literatura, ao se autocriticar, descobre-se, mas a indagação proposta pela autora e por outros críticos parece se perpetuar: haverá nessa descoberta literária a perspectiva de transformar a realidade brasileira?