Considerado o criador do teatro português, Gil Vicente escreveu, encenou e até atuou em mais de quarenta autos ao longo de sua vida. No Auto da barca do inferno, uma complexa alegoria dramática que satiriza o juízo final católico, Gil Vicente apresenta duas barcas, a do inferno e a da glória. Muitas almas são julgadas – dentre elas, a de um sapateiro, a de um agiota e a de um frade corrupto –, e a maioria é condenada ao inferno. As peças de Gil Vicente compõem um retrato vivo da sociedade portuguesa do início do século XVI e suas críticas à humanidade permanecem surpreendentemente atuais.