Nascido em meados do século 15 (não há registro da data exata), Gil Vicente exibia talentos variados: poeta, ator, diretor e mestre de cerimônias da corte. Mas sua consagração se deu como dramaturgo — é considerado o pai do teatro português. sta edição traz três das obras mais influentes do autor. A primeira é Auto da Barca do Inferno, em que os mortos precisam se entender com o Diabo, figura divertida e inesquecível, e o Anjo. A moralidade católica conduz os versos, que satirizam a sociedade da época, de nobres a gente do povo.
Também não faltam artifícios cômicos em Farsa de Inês Pereira, a segunda peça do livro, e Auto da Índia.
O teatro vicentino guarda, evidentemente, as marcas daquele tempo, a transição da Idade Média para o Renascimento. Uma dica? Não se deixe vencer pelo estranhamento inicial, a ironia de Gil Vicente resiste muito bem à passagem do tempo — como, aliás, os melhores vinhos portugueses.