Ao longo de suas inúmeras idas e vindas entre a Terra e seu salão de memórias — local à margem do mundo terreno, que guarda registros de tudo que fez ou não em vida e de seu potencial, assim como imagens de pessoas que magoou, de desejos e sonhos frustrados —, João identifica situações, sensações, humores e cenários possíveis de serem experimentados no mundo. Porém, ainda não tem clareza acerca do que realmente lhe acontece.
Nesta segunda parte de suas aventuras terrenas, o efeito das águas do esquecimento que sistematicamente teve que tomar para acalmar memórias incômodas começa a se dissipar e João tem vislumbres de experiências antigas. Percebe, então, que em todas as suas aparições no planeta sempre reencontra a mesma turma. Repara no ciclo aparentemente interminável, de nascimento e morte, no qual ele e sua família encontram-se encalacrados. Observa que todos vivem repetindo sensações e reeditando experiências. Estão apegados à personalidade momentaneamente assumida e presos em esquemas emocionais e padrões de comportamentos e pensamentos recorrentes, que contribuem para a formatação do mundo que encontram à volta deles. Mas João quer se libertar do vai e vem e descobrir como se desvencilhar do sistema cíclico que os aprisiona.
Para isso, contará com a ajuda de seu amigo guardião, do Miguel, da dama do portal e de familiares próximos como Mário, Chiquinha, o cavaleiro negro e outros mais. João está determinado, quer ir além da consciência alcançada e entender, afinal, que história é esta de ficar indo e vindo, repetindo sensações e reeditando experiências indefinidamente. Porém, será que ele está mesmo disposto a largar apegos, rever pendências, esclarecer e liberar de uma vez por todas as suas memórias ruidosas? Afinal, como se mover para paragens mais luminosas carregando em seu campo de energia vestígios de situações mal resolvidas que remetem a ambientes pouco vibrantes?