Representada pela primeira vez em 1917, enquanto a Itália passava pela insegurança da Primeira Guerra Mundial, Assim é (se lhe parece) trata de aspectos da sociedade que encontram ecos nos dias atuais, como a obsessão dos personagens pela vida alheia – hoje evidenciada pela fixação cada vez maior pelas redes sociais. Neste melodrama burguês, Pirandello explora questões filosóficas fundamentais, colocando em xeque os conceitos de verdade e objetividade. A edição da Tordesilhas Livros traz um posfácio de Alcir Pécora, crítico literário e professor livre-docente na Unicamp, além de cronologia da vida do autor.Por meio de diálogos ágeis e divertidos, Pirandello expõe a história de Frola, uma senhora que se muda para o prédio de uma família da alta burguesia italiana, os Agazzi, e se recusa a recebê-los – gesto que é encarado com indignação pelo senhor Agazzi. Com o surgimento de Ponza, genro da velha e colega de repartição do senhor Agazzi, a revolta logo se torna perplexidade e curiosidade. Ponza se desculpa pela sogra e pede que todos tenham paciência, pois ela enlouqueceu com a morte da filha e agora está sob seus cuidados. Pouco tempo depois, é Frola quem conta, de forma coerente e sã, ser o genro quem se abalou mentalmente e agora acredita que a esposa está morta. Entre idas e vindas de ambos, a confusão de todos aumenta cada vez mais, beirando o desespero.