Estudos sobre a saúde do homem e gênero começaram a atrair maior interesse, no seio acadêmico, no fim do século XX, sobretudo quando pesquisas epidemiológicas desenvolvidas na década de 1990 demonstravam que os homens apresentavam alto índice da morbimortalidade e na década de 2000, pesquisas empíricas revelaram que esse índice está ligado à fraca procura por serviços de saúde, ao pouco autocuidado, à maior exposição a riscos, aos comportamentos relacionados à masculinidade hegemônica, como: virilidade, força física, invulnerabilidade, violência, machismo, e quando vão ao médico são propensos a ocultarem seu estado de adoecimento. Por via disso, esta obra buscou perceber, interpretar e comparar aspectos socioculturais, comportamentos e condutas associados à masculinidade hegemônica que influenciam e determinam, ou não, o desenvolvimento de hábitos de fraca adesão aos serviços de saúde e do não cuidado de si entre os segmentos da população masculina. O autor traz à tona que a construção social da masculinidade, as relações de poder de gênero, no que se refere à atribuição de papéis sociais e à manutenção de padrões convencionais da masculinidade, incorporam práticas socioculturais consideradas determinantes na reprodução de comportamentos, valores e crenças que impedem o autocuidado dos homens, a procura por serviços de saúde, o reconhecimento do processo de adoecimento e o gênero é a principal causa da morbimortalidade elevada entre os homens.