Este livro, resultado da minha dissertação de mestrado, apresenta um panorama da luta do negro pela cidadania em São Paulo nas décadas seguintes à Abolição (1891-1930). Por um lado, a investigação procurou identificar os percalços existenciais enfrentados por homens e mulheres negras no contexto do pós-emancipação, principalmente por conta da permanência do racismo na cidade de São Paulo. Por outro lado, nos debruçamos nas várias estratégias e ações do negro para conquistar inserção social e direitos básicos de uma cidadania, tornada possível. A pesquisa teve como principal fonte primária os jornais da imprensa negra. Esses periódicos foram publicados por um pequeno grupo de negros letrados, considerados os legítimos representantes da comunidade negra. Por meio desses jornais, que foram publicados de forma intermitente, entre 1915 e 1963, foi possível compreender inúmeros aspectos da vida cotidiana do negro. Nesses canais de comunicação, situações de preconceito eram denunciadas, seja no mercado de trabalho ou nos espaços públicos e de lazer. Além disso, os líderes desses jornais procuravam incentivar e conscientizar os negros acerca de seus direitos e deveres, principalmente no campo da educação.