E se as coisas e os animais falassem? Esses falam, eles se entendem à sua maneira. Entendemos os mais próximos, os cães, nossos amigos, com seu olhar e seus latidos. Os bichos na natureza, na multiplicidade, nos dão pistas de como está o ecossistema. Quando estão desaparecendo numa extinção, os homens sabem que algo não está indo bem e procuram reverter o status quo.
Os homens falam, pensam, refletem. Sabem de sua existência. As coisas existiram antes de nós, como também os animais. São as vozes do que nos cercam e que já se exprimiam antes de nossa efêmera existência. É nessa reflexão que Ricardo Yabrudi coloca, com respeito e conectadas, as vozes que estão presentes no mundo: as vozes dos homens, dos animais e das coisas. As nuvens falam, as máquinas fotográficas falam, a cidade fala, a música fala, a onça dialoga com uma mulher, os cães apresentam sua visão do mundo.
Nos seus contos de maneira nova, sui geniris, inusitada, são oferecidas oportunidades às vozes que estiveram mudas por longo tempo. E por que não? Existe uma curiosidade em saber o que pensam as flores de nós, as abelhas. Uma voz interior nos interroga sempre: O que eles pensam de nós? Essas vozes estão dentro dos homens quase que com certeza.