O objetivo deste estudo consiste em analisar o diálogo entre ficção e história na obra O lugar mais sombrio 1: A noite da espera (2017), de Milton Hatoum, o primeiro de uma série de três volumes. Entre suas características, encontra-se o tom crítico na esfera política encenada, pois tem como cenário o momento mais sombrio da Ditadura Militar (1964-1985), chamado de "Anos de Chumbo", período que começou depois da decretação do AI-5. Com base nessas questões que dão singularidade ao romance, formulamos nosso problema de pesquisa na forma como a composição da obra recria, problematiza, destoa os elementos históricos, de forma a dar visibilidade às relações que envolvem o narrador e o momento histórico encenado. As diferentes formas de intertextualidade formuladas por Gérard Genette em Palimpsestos (2010), contextualizadas por Tiphaine Samoyault em A intertextualidade (2008), fornecem, ao lado de obras que versam sobre a Ditadura Militar no Brasil, suporte teórico para embasar o diálogo que a ficção instaura com a história no romance. Esse é o percurso que adotamos para a análise da obra A noite da espera (2017), a fim de identificar como elementos internos da obra recriam e renovam conteúdos históricos.