Como seres dotados de razão, regemos nossas vidas como melhor nos aprouver. No entanto, fomos concebidos por Deus para produzir, amar, ser amados e procriar para povoar o mundo. Onde há amor, há humanidade, compaixão e respeito ao próximo. O livre-arbítrio pauta nossas iniciativas e atitudes, porém, no uso dessa faculdade, sofremos limitações onde começa o direito do outro.
Em As pepitas do vovô, vamos nos deparar com personagens dotados de espírito cristão, preocupados apenas em fazer o bem. Nesta obra, conheceremos um avô que se viu na contingência de criar três netos órfãos, sem que ao menos tivesse condições de sustentá-los. Este, sentindo-se culpado por sua indigência — mesmo estando no ocaso da vida —, mergulha num garimpo tentando amealhar riqueza, a fim de minimizar sua culpa e a miserabilidade dos netos.
Depois de muitos anos de árduo trabalho no longínquo garimpo, ao retornar, o avô se depara com a real desumanidade de dois de seus netos. Estes o escorraçam como se fosse um ser pestilento, deixando o avô à própria sorte e sentindo os efeitos do duro trabalho e da doença adquirida no barranco de mineração.
No exercício do livre-arbítrio, os netos vão além dos limites do convívio em sociedade e garimpam pepitas que não planejaram. A vida sempre cobra o seu pedágio.