Menino já crescido, Carlos descobre numa gaveta secreta do escritório do pai, um soneto manuscrito por ele, junto a duas cartas: uma escrita por ele, endereçada à mulher inspiradora dos versos, e outra, feita por ela em resposta. Os versos deste soneto impressionam o rapaz que decide encontrar a identidade desta musa, procurando-a em cada mulher que o rodeia ao longo de sua vida, em todas as caligrafias, na sala de costura de sua mãe, no colégio, nas ruas. E ele encontra várias delas. Fascinado, ele as observa de longe no início, e depois, de muito perto, aprendendo com elas, alcançando seus segredos à medida que cresce e se envolve em suas vidas. As mulheres do soneto gravitam em torno da vida previsível da maioria das mulheres que ele conhece, levando uma vida diferente, nada ordinária, mas sem alarde, como se fosse natural serem o que são. E é natural: elas existem, sempre existiram. Carlos segue o fluxo da vida, a profissão do pai advogado, casa-se, tem filhos, mas não o abandona a fascinação pela musa que transformou seu pai, de homem comum em poeta. Nunca se falou sobre o soneto, nem em seu leito de morte, quando Carlos recita os versos a seu ouvido. Um dia, arrumando o que restou do espólio de sua sogra, ele encontra uma mala com diversas cartas antigas e vários poemas, dentre eles o soneto, desta vez datilografado e despojado da caligrafia do seu pai, sem poder confirmar sua autoria. Novamente os versos do soneto vem perturbar sua existência, que relembra sua busca pelas mulheres que o inspiraram e forjaram o homem que veio a ser.