Nos últimos anos, as estatísticas apresentam que o Brasil destaca-se na liderança mundial de realização de cirurgias estéticas em diferentes sexos, jovens e, principalmente, mulheres, segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica. Quais os sentidos, sociais e subjetivos, do corpo metamorfoseado de mulheres que realizam repetidas cirurgias estéticas? Essa inquietação cotidiana inspirou a escrita deste livro que é fruto de uma pesquisa de mestrado tecida por um viés interdisciplinar, com respaldo nos referenciais da Psicanálise Freudiana e da Teoria Crítica da Escola de Frankfurt. A obra problematiza a sociedade de consumo na busca por corpos perfeitos, desvelando sofrimentos daqueles que realizam os procedimentos estéticos sem uma reflexão crítica. Com as narrativas das mulheres, foram escutadas as vozes de um corpo singularizado, em meio às tentativas de homogeneização, principalmente no tocante aos interesses capitalistas. A cirurgia estética pode também ser apreendida como uma experiência corporal significativa que possibilita transformações subjetivas e sociais. Esta produção não despreza as conquistas da Medicina na atualidade, principalmente no que diz respeito aos avanços tecno-científicos relacionados às cirurgias estéticas e aos cuidados com a saúde, mas alerta para possíveis excessos ou mesmo para a realização de procedimentos estéticos, sem que ocorra atribuição de sentidos e implicação subjetiva. Os atendimentos psicanalíticos trazem contribuições para as pacientes, bem como para a equipe interdisciplinar, colaborando para os profissionais da saúde perceberem as demandas camufladas das mulheres, que nem elas mesmas percebem, ao solicitarem sucessivas intervenções estéticas.