Tinha dez anos, um pouco antes de Beatriz falecer, quando, em uma tarde antes dela sair para o trabalho, um narrar que jamais esquecerei, eu a ouvi, como ela era uma delegada em um duelo brutal com bandidos lá da biboca, uma bala o matou. Beatriz contara uma história que aconteceu com as duas melhores amigas, Marilene e Tânia. Tânia e Marilene se conheceram na escola ainda meninas e elas jamais se desfizeram da amizade construída em meninice, tudo era dito com confiança entre as duas, sempre dividiam o que aprendera tanto no escolar como na própria aprendizagem do viver. Uma amizade tão forte que nem mesmo o destino ou sorte têm competência para destruir, o que foi materializado com o amor, e com isso era o que contava, tendo altos e baixos, permaneciam firmes em seus viveres, assim seria a verdadeira amizade de Marilene e Tânia. No narrar daquela mulher que soube como ninguém como foi toda a história percorrida por duas amigas desde a infância, até os dias em que tiveram que separar pela injustiça do destino ou num acidente que a vida lhe deu de presente. Ela, a narradora, sabia impecavelmente como descrever tudo sobre as amigas irmãs: ela nada mais era do que a filha de uma delas, por isso tinha sabedoria para exercer o narrar com tamanha firmeza e certeza do que dizia. Talvez, ou seja, melhor, ela também ouviu, além disso, passou ela mesma num trecho de sua vida um pouco do descrever e dessa maneira tinha certeza do que estava dizendo sobre a história, ouvia e ao final do término do expor; ela partiu para não mais voltar, trago ainda no peito uma dor dolorida de saudade da qual tenho por todo o sempre sentido comigo. Para mim, que também vim do mesmo sanguíneo, me sinto no momento um dolorido no coração, por também estar a descrever o que me foi relatado ainda em minha juventude, pois travei uma batalha, não no jogo da vida, mas sim no pensamento que me fez por longo tempo sofredor.