Dentre as várias considerações possíveis sobre esta obra, a que melhor a caracteriza, a
meu ver, é que esta é uma obra de elos. Com efeito, o autor lança mão de sua habilidosa,
singular e cativante arte de escrever sobre temas variados, para revelar, com maestria, os
resultados de um mergulho profundo nas essências da matemática dos antigos mestres
gregos, guiando-se, neste percurso, pelo trabalho revolucionário do grande matemático
de Siracusa. Nesta tessitura, sutil e profunda, o clássico trabalho de Arquimedes, A
Medida de um Círculo, objeto de análise desta obra, se constitui ainda em um prumo
que orienta o desvelar-se das abrangências da aritmética praticada na Grécia antiga,
evidenciando enredos e concepções entre o pensamento arquimediano e as ideias
estabelecidas por outros grandes matemáticos gregos, como Euclides e Pitágoras. A
exposição sutil e primorosa dos achados e percepções do autor sobre a obra de
Arquimedes, bem como dos atilhos que o levaram a obtenção de uma aproximação para
o número pi, encontra-se apoiada em uma vasta produção literária, fruto de importantes
trabalhos realizados por homens e mulheres que o antecederam na tarefa de bem
desvelar ao mundo a potência e as abrangências da matemática da Grécia antiga. O
resultado é uma obra que contempla desde os leitores interessados pela matemática e
sua história, até os aficionados por filosofia ou pela cultura grega. Por derradeiro, é
importante destacar que esta obra faz parte do trabalho do Doutorado em Epistemologia
e História da Ciência pela UNTREF-Buenos Aires, um dos três concluídos pelo autor,
onde teve como orientador Christián Carman, o tradutor dos textos de Aristarco de
Samos, do grego para o espanhol, juntamente com Rodolfo Buzón.
Prof. Dr. Lino Marcos da Silva