Cantar a experiência da infância e da adolescência no campo. Cantar os labores do campesino. Ouvir, entre os rumores das árvores, os cantos dos pássaros. Encantar-se com a forma das nuvens. Vislumbrar o horizonte e sonhar com aventuras possíveis. Trata-se da poesia da árvore que cresce, que se supera e se transforma. Da arvorezinha que pressente o mundo, vê sombras e ouve sons. Porém, na beleza secreta e solitária de sua condição, canta a vida. E aqui vive o campesino que se maravilhou com o campo e a floresta. Que se exasperava com injustiças do mundo exterior. Esses são os poemas da árvore que tateia em busca de luz. Da árvore que experimenta o mundo ao seu redor enquanto cresce. E de seus ramos crescem folhas: poemas que nutrem e são nutridos pela seiva da vida. Esses cantos, esses ditos, são arborismos: poesia da árvore, poesias da infância no campo, poesias da vida que germina e brota. Como canta o poema: "memória seiva/tronco vida/raízes profundas/em chão de existir".