Apoteose” é um mergulho em trajetórias e sentimentos de gente muito aguerrida e apaixonada pelo carnaval, uma viagem de bastidor por uma arte popular que desabrocha todos os anos na antessala das grandes escolas de samba do Grupo Especial, mas que é tão ou mais bela que o espetáculo principal admirado no Brasil e no mundo. Com oito contos que se passam durante um dia de desfile do Grupo de Acesso do Rio de Janeiro, cada estória enfatiza uma personagem meio que esquecida, meio que abandonada, mas também algumas um tanto quanto exóticas, dessa festa de alquimia inexplicável; retrata as dificuldades e os dramas das comunidades pobres que tentam transformar suas dores verdadeiras em luxo falso de avenida e suas lágrimas em sorrisos musicados, na esperança de um dia figurarem entre as agremiações mais ricas, no anseio de pela cultura sentirem-se em algum momento protagonistas de um país que faz questão de impor a elas papéis de figurantes. Baiana, carnavalesco em início de carreira, porteiro que consegue comprar pela primeira vez um ingresso para a arquibancada, gringa desorientada, menino de comunidade que vira intérprete e integrante de velha guarda estão entre os protagonistas desses enredos, marcados tanto pela singularidade daquelas vidas quanto pelo imponderável, que na Marquês de Sapucaí foi grudado junto com o asfalto.