A obra que o leitor tem nas mãos constitui um vigoroso estudo de duas cidades que compartilharam características econômicas e sociais notáveis na primeira metade do século XIX: Richmond, nos Estados Unidos e Rio de Janeiro, no Brasil. Não são duas cidades quaisquer. Ambas eram portos onde se dava a mais intensa movimentação de mercadorias com origem escravista, o que refletiu-se num elevado crescimento populacional. Além disto, Richmond e o Rio de Janeiro eram centros de gravidade de um espaço econômico muito mais amplo que suas estritas jurisdições. Estas circunstâncias resultaram na formação de uma extensa parcela de escravos urbanos que trabalhavam para empregadores diferentes de seus senhores ou de forma autônoma sem supervisão permanente. Este livro trata como assinala o autor, da "vida econômica dos negros livres em duas cidades que, de forma simultânea, eram iguais e diferentes". Para além da riqueza das fontes documentais que propiciam análises quantitativas e de conjuntura usuais em estudos desta natureza, o leitor também encontrará uma inovação metodológica que começa a afirmar-se em nossos meios historiográficos: o recurso aos sistemas de informação geográfica. (Ângelo Carrara, professor da UFJF)