Este não é um livro de histórias, mas de sensações. É preciso que o leitor saiba disso para desfrutar esta jornada por terreno de piso instável, bem diverso da noção de terra firme. Prepare-se para os círculos, os labirintos, a vida que se repete que se repete -sempre permeada pela culpa, a angústia, o desamor.
Este não é um livro de histórias, mas de ideias. No lugar de sinopses, temáticas; acima de personagens, a reflexão sobre as pessoas. Juarez fala do ruir da vida, o olhar cansado diante da amada, os sons do desaparecimento do amor; a memória - e a própria literatura- como recursos para se defender da morte. Mostra as decisões de quem opta pelo equilíbrio em vez da vertigem.
O próprio autor afirma que o livro não é feito de narrativas esperançosas; também ele tem consciência de que não existem palavras que possam dar conta do desespero que é a vida. Ao mesmo tempo, existe um último sopro, um ânimo, algo que ainda possa ser feito antes que os espelhos fracassem na sua única função de refletir.