Um livro de Bartolomeu, artesão da palavra, é sempre uma surpresa. Sua prosa poética, tecida com ternura e profundidade, mergulha no âmago dos sentimentos humanos. Em Antes do depois, a narrativa acompanha o nascimento do narrador-personagem, desde a sua luta para sobreviver ao sair do ventre da mãe, até as lembranças de seu batizado. Bartô conta como se pudesse observar de fora o cenário de sua infância, bem como os sentimentos da mãe, que se recolhia em seu próprio silêncio — "Seu maior descanso era visitar mundos invisíveis.". Sempre muito cuidadoso e atento a figura materna, ele externa sensações por meio de metáforas sobre a memória, o fôlego e o silêncio. "Mémória não tem filtro e armazena tudo. Memória a gente não rasga, não joga no lixo, não lava com sabão. Memória é sentinela e nos vigia sempre […]" "Tudo na vida precisa de fôlego. Nascer é ganhar fôlego e morre é perder o fôlego… […]""O silêncio pode engolir até pessoas. […] No meio do silêncio vive todo tipo de ruído. […]"A obra traz o texto de orelha de Ninfa Perreiras, escritora, psicanalista e professora de literatura, e capa de Rogério Coelho, ilustrador que coleciona diversos prêmios no Brasil e nos Estados Unidos.