Neste livro é analisado o ciclo de vida do combustível nuclear utilizado no Brasil, referente à produção de uma recarga de Angra 2, ao longo do período de operação da usina até a próxima recarga do reator. A análise desse ciclo é fundamental para que se possa compreender os aspectos energéticos, ambientais e tecnológicos de toda a teia de processos associados ao desenvolvimento do Programa Nuclear Brasileiro, que inclui não só a geração de energia elétrica, mas também a produção de combustíveis nucleares para futuras embarcações (submarinos nucleares), além da produção de isótopos para os setores industrial e de saúde, dentre outras aplicações.
O ciclo de vida do combustível nuclear tem início na extração e no beneficiamento do minério, passando pela produção do concentrado de urânio, pela conversão do concentrado de urânio em hexafluoreto de urânio (UF6), pelo enriquecimento do UF6 e sua reconversão em dióxido de urânio (UO2), e pela fabricação das pastilhas e do combustível nuclear. Após a etapa de produção, é realizada a troca de parte do combustível irradiado pelo combustível novo, no reator da usina. Concluída a recarga, é dada a partida na usina, onde a energia liberada pelas reações nucleares é convertida em energia térmica que, por sua vez, é convertida em trabalho de eixo nas turbinas e em energia elétrica no gerador elétrico. O ciclo é concluído com a etapa de gestão de resíduos e rejeitos nucleares, decorrentes da operação da usina. Após ter sido utilizado, o combustível nuclear, extraído, é encaminhado para a "piscina de combustíveis irradiados" e, posteriormente, para o armazenamento seco, localizado na própria usina.