Após a publicação de seu primeiro livro de contos, A expulsão dos doidos, pela editora Alameda, Bernardino Furtado se aventura novamente no texto trilhado pelo memorialismo autobiográfico. Resgatando os tempos da adolescência em Ouro Preto, o autor tenta remontar em palavras as paredes e os tetos de uma casa que o tempo já desfez. São poucas as notícias das pessoas com quem Bernardino conviveu naquela época. Mesmo assim, por meio da literatura resolveu dar à luz a um passado distante e incerto, mas marcante.
Seu texto retoma alguns dos eventos mais importantes vivenciados por um estudante pobre em Ouro Preto. Isto é: a puberdade, a perda de pudor, as primeiras tensões, rompimentos, insegurança emocional e até mesmo ignorâncias. Bernadino entende que Ouro Preto é ele o próprio símbolo de sua memória. É a cidade que carrega seus ocos, escuros, ferrugens, fuligens, limos, partes roídas, descascadas e seus pequenos troféus do esquecimento.