O desenho com o lápis de grafite é uma das expressões artísticas mais descompromissadas que há. É considerado, perante as técnicas mais nobres da pintura a óleo ou da escultura em bronze, por exemplo, como algo subalterno, algo apenas prévio, um esboço para algo maior no porvir estético. Exatamente por isso, o seu uso expressivo reveste-se de uma grande espontaneidade e lirismo. Ele é o confidente íntimo do artista, o amigo certo das horas de indecisão ou de experimentalismos na linguagem. Com o grafite em mãos, não se teme os becos sem saída da composição ou as diatribes da imaginação. Neste pequeno livro, reúno algumas dezenas de desenhos a lápis, todos de temática erótica e afetiva. Provavelmente, nenhum deles nunca verá a luz da arte sob uma técnica mais imponente. Mesmo assim, com toda a sua simplicidade, espero que o leitor encontre neles o mesmo deleite estético que eu tive ao criá-los.