Carla, a protagonista desta história, organiza a sua vida ao redor do amor. Faz tudo por amor. Inclusive a imagem que tem de si própria, que depende totalmente se é amada ou não pelo marido. Ela é vítima, pois, do amor romântico aprendido nos filmes, nas canções melódicas, nas novelas com final feliz...
Mas um dia, esse amor se vai, e Carla vê o seu marido, o centro de sua vida, ir embora com outra mulher. E esta seria mais uma história como tantas outras, de um amor não correspondido, de um amor traído, de uma mulher abandonada, trocada por outra mulher...
Mas não é assim que a vida minuciosamente planejada de Carla continua. O corpo de sua funcionária está caído na sala de estar, na porta da entrada do seu apartamento. E junto dele há um celular e um bilhete: ligar para César…
E é aí que a vida de Carla toma um rumo completamente inesperado, e ela começa a revisitar toda a sua vida e descobre que o amor é uma palavra como outra qualquer.
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Esta seria mais uma história de amor como tantas outras, mas a escrita singular de Francisco Castro, ágil, fluida, complexa, desconstruída, avessa às convenções, que nos confunde e nos confronta, desorganiza tudo aquilo que já lemos, assistimos, ou ouvimos falar sobre o amor. Ao longo da leitura, somos levados por uma torrente de reflexões sobre a felicidade, os sonhos, o amor e suas muitas formas de amar, a finitude da vida, o que é material, tangível e real, o que é ilusório, fantasioso e transitório. E a mente da protagonista e do leitor fundem-se em uma só, trazendo à tona tudo aquilo que sempre tivemos medo de assumir ou perguntar, transformando o amor em uma palavra como outra qualquer.