Um escritor sob censura na antiga Tchecoslováquia vive como gari enquanto reflete sobre o amor e Kafka
Censurado pelo regime comunista, um escritor é obrigado a se empregar como gari nas ruas de Praga. Com esse ponto de partida, Ivan Klíma constrói Amor e lixo, em tradução direta do tcheco por Aleksandar Jovanović. Completa o volume uma entrevista concedida pelo autor ao americano Philip Roth em 1990.
Como seu personagem, Klíma viveu mais de duas décadas sem poder publicar – desde o silenciamento da Primavera de Praga pela ocupação soviética, em 1968, até a Revolução de Veludo, que encerrou o regime de partido único, em 1989. O livro se inicia no primeiro dia de trabalho, quando o protagonista conhece o grupo excêntrico de pessoas com quem compartilhará o ofício e mesas de bar. Como tarefa paralela, ele está às voltas com um ensaio sobre Franz Kafka e sua vida sentimental vive um impasse, dividindo-se entre a esposa, uma médica humanista, e a amante, uma temperamental escultora casada.
A narrativa se desenvolve no formato de uma colagem reflexiva – os dias de trabalho e amor são entremeados por alguns sonhos, lembranças de infância e muitas reflexões sobre Kafka.