Mais do que Carlos e Fräulein Elza, a governanta alemã que tem como missão iniciar sexualmente o filho de novos ricos paulistanos, os verdadeiros protagonistas de Amar, verbo intransitivo (Idílio) são a língua brasileira e o século 20. Escrito entre 1923 e 1924 e publicado em 1927, o primeiro romance de Mário de Andrade é moderno em todos os sentidos: o narrador abusa dos pronomes oblíquos, os carros e os trens andam em disparada, a ação paga tributo às técnicas de montagem cinematográfica e Freud projeta sobre o livro sua longa sombra.
Amar, verbo intransitivo (Idílio) propõe ao romance brasileiro uma melodia nova, composta pela fala e pelas máquinas. Como ele disse num posfácio a este livro: "Ser melodia nova não quer dizer feia. Carece primeiro a gente se acostumar".