A palavra "amor" anda deveras desgastada, como tantas palavras do nosso vocabulário surradas com o passar do tempo. Usamos a palavra "amor" para expressar a preferência por um sorvete, a devoção ao time do coração, o encanto por uma cidade, a paixão a uma pessoa e o sentimento por Deus. Por outro lado, me parece que o "amor" continua ainda abstrato, um ideal sempre por alcançar, como se já não participasse da vida humana. Na maioria das vezes não temos uma noção clara quando falamos de amor. É aí que entra o poeta: para ressuscitar a palavra gasta e tornar concreto o encontro com o sublime! Com uma palavra ordinária o poeta fala o inefável. O que diz o poeta está para além das suas palavras, que, agora aladas, deixam de ser verbetes e se transformam em janelas para a experiência com o Belo. É o que faz Jansen Vianna em Amor conjugal, uma verdadeira ode ao amor. De forma leve, bem humorada e com a mais fina sabedoria, Jansen cria uma nova gramática para a palavra "amor" e nos convida a conjugá-la nas mais diversas relações. A cada aforismo do livro, uma nova conjugação do amor; em cada página, uma variação inusitada de amar. O apóstolo João diz que "Deus é amor", mas o Jansen cria mais movimento poetizando que "Deus é amar" – o Sagrado está na experiência de quem ama. O mesmo João afirmou que todo aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus. Para o nosso autor, o que vale é o amor conjugado: "a mais bela forma de conjugar o amor é no gerúndio", ecoando o verso drummoniano "amar se aprende amando". Amar conjugal é uma nova linguagem, um novo cântico, um novo léxico para a mais linda e urgente experiência entre os seres vivos. Um livro para o deleite dos amantes! Uma boa leitura e felizes conjugações!