Jorge José não tem um grande plano de vida. Tem um anúncio. "Alugo-me para não fazer nada. Posso estar contigo, ouvir-te, acompanhar-te. Não cozinho, não limpo, não dou conselhos. Apenas existo contigo. Preço: transporte e comida." Publicou-o num dia de tédio, desses em que o mundo parece fazer demasiado barulho — e, de repente, tornou-se o homem mais requisitado do Algarve. Entre um reformado do golfe com a reforma dourada e a alma vazia, uma peixeira que só quer fechar a banca em silêncio, um noivo abandonado que insiste em casar-se sem noiva, e uma professora que ama ser fotografada com o próprio ego — Jorge José descobre o lado absurdo, cómico e ternamente trágico do individualismo moderno. Com humor filosófico e uma ironia suave, Alugo-me para não fazer nada é uma sátira social sobre a pressa, a solidão e a necessidade desesperada de parecer ocupado. Uma viagem pelo Algarve onde cada cliente é um espelho — e onde o homem que não faz nada acaba por ser o único a perceber tudo. Um retrato hilariante e melancólico da sociedade moderna — e um elogio à arte perdida de simplesmente estar.