Uma manhã qualquer de um dezembro qualquer, quando já se encontra em seu apartamento quarto e sala, depois de uma noite em claro no plantão da delegacia, Venício (42 anos, divorciado, sem filhos) pensa que tem nas mãos a oportunidade de fazer um trabalho verdadeiramente significativo: identificar e prender um assassino na cidade de São Paulo. Atirando-se em uma corrida movimentada e frenética, bate de frente com indivíduos de todo tipo, caloteiros, cartomantes, policiais negligentes, gerentes de cassinos, traficantes, promotores suspeitos, juízes que vendem sentenças, esposas e amantes frustradas, filhos ingratos.
Não se espere de Algemas comuns, de aço informações técnicas, impressões digitais, acareações, exames de balística, residuográficos – Nogueira entende que são desnecessários ao livro. Também não serão encontrados os recursos e macetes dos filmes que pululam na televisão e na literatura pulp – tiroteios mirabolantes, perseguições e trombadas de automóveis, mulheres boazudas passando batom na boca ou empunhando armas. A trama mostra diálogos curtos e certeiros, parágrafos funcionais, descrições rápidas e precisas que dão vida a personagens marcantes. O autor é fã assumido do romance policial hard-boiled e é isso que temos aqui, pronto e acabado, à brasileira."