Muitas pessoas não gostam de solidão, mas para alguns isso pode se tornar uma fonte de alegria. Vanderley Soares descreve como foi a vida de um homem que deu as costas ao mundo exatamente ao tornar-se sexagenário, e busca em seu livro Além do Farol entender suas motivações.
Em 1990, Atanagildo volta à sua terra natal, a paradisíaca Subauma, onde decidiu viver os últimos anos da sua vida. Claro, não imaginava que seriam exatamente 30 anos vivendo em uma pequena cabana na praia, tendo por companhia o cachorro Bob. "Já não me cabia nesse mundo de tantas coisas ruins e tantas maledicências". E este pensamento fez com que ele criasse certa ojeriza por tantos quantos o procuravam. E eram muitos: pesquisadores, cineastas, estudantes... Isso o incomodava. Queria a solidão voraz do mar.
Atanagildo queria manter-se distante do mundo e das pessoas.
E qual foi a razão para virar as costas ao mundo e ir viver em completa solidão? Na verdade, "todo mundo tem um fantasma dentro de si" e Atanagildo preferiu conviver harmonicamente com o seu.
O fato é que o impulso de ficar sozinho é como uma força gravitacional e o corpo inteiro do eremita sente-se mais confortável sozinho. Até mesmo na noite de réveillon, quando fogos e alaridos ecoaram na praça principal, Atanagildo manteve-se em seu propósito, mesmo porque no dia seguinte "o mundo permaneceria intacto"
E assim o Atanagildo viveu em total solidão por exatos trinta anos, propiciando para nós esta história arrebatadora, que o Vanderley Soares nos apresenta.