Ir além é desvendar o sentido das palavras. Ir além das palavras é penetrar na música dos versos. E o que seria da vida sem a poesia, sem essa valsa de palavras que nos contorna de beleza e de inquietude? Precisamos do sonho e da lírica para viver. Esta coletânea de textos chega numa boa hora, para acalantar a nossa rotina marcada por ameaças e incertezas. Nos tempos sombrios em que vivemos, a literatura, em especial, a poesia, é um sopro de leveza e de reconhecimento do belo. Do Acre, ecoam versos cheios de melodia e de ritmo. Do Acre, ecoam causos. Poemas, contos e crônicas. São vozes do Norte que ressoam pelos muitos cantos do nosso país, num caminho polissêmico que a literatura possibilita ao texto, ao escriba e ao leitor. Valdeci Duarte, escritor e organizador da antologia, soube muito bem construir um depositário de palavras colhidas em bateias minerais. De A a V, passeamos os olhos por textos de 24 autoras e autores acreanos. Conhecemos a biografia de cada um, uma fotografia em preto e branco e textos que variam de micro contos à poesia. São escritores da Sociedade Literária Acreana, uma iniciativa que agrega afetos e palavras ao vento. Nesse encontro de escribas, há gente de todas as idades e formações. Do interior à capital, vozes que embalam sonhos. Conheci Valdeci em Rio Branco, quando fui ministrar uma oficina de criação literária, a convite do SESC. Conheci também outros destacados poetas que escreviam e buscavam no texto uma possibilidade de diálogo e de afirmação identitária. Bom saber que o povo do Acre segue criando e reinventado a vida por meio da escrita. Escrever é existir. Existir além do papel, além do silêncio e das mordaças que nos aprisionam. Além das palavras. Numa trilha libertadora e livre de palavras. Ninfa Parreiras - Escritora e Psicanalista