Sempre que alguém diz que vai me mostrar um trabalho literário, fico curioso de saber sobre o que ele escreveu, seu enfoque, sua visão de mundo. Com Luiz Jardim não foi diferente, principalmente por seu título insólito, “Além das asas da imaginação”.

Sabemos que a memória nos remete ao passado, enquanto a imaginação nos conduz ao futuro, aos lugares mais recônditos do universo, ao âmago de nós mesmos. Fazendo isso, nos liberta das amarras do tempo e do espaço. Leva-nos a um mundo perfeito, a um utópico despertar de corações e mentes.

Mas nada contra a utopia. Desde os primórdios da civilização, o homem sonha com uma sociedade perfeita. Desde Platão com sua “A República”, Francis Bacon com “A nova Atlântida” e até Aldous Huxley com “Admirável mundo novo”, a semente de um mundo melhor tem sido lançada no inconsciente coletivo.

Comênio, o maior educador da História e considerado o pai espiritual da UNESCO, nos dá uma pequena amostra do que seria esse mundo: “...Haverá um Governo Universal cujo objetivo será reconduzir os povos da Terra à concórdia, fazer reinar a tranquilidade, eliminar a guerra e suas causas. Seus fundamentos serão a experiência humana passada pelo crivo da razão e pela luz do espírito, reforçada pela experiência dos sentidos e pela Revelação Divina.’’

Pensei em tudo isso enquanto lia os originais do Luiz Jardim. Suas inquietações, sua perplexidade com todas as mazelas do nosso tempo, seu anseio por ética e justiça, sua decepção com os governos – nada abala sua busca de um mundo melhor.

Ele nos faz adentrar em seu mundo e vivenciar com ele as quixotescas experiências humanas. Kafka, Beckett, tudo parece normal...

Amigo leitor, eu, sendo você, estaria curiosíssimo para ler este trabalho do Luiz Jardim. Boa leitura. Antônio Clementino"