Aos 29 anos, Milena recebe o diagnóstico de um câncer de mama em estágio avançado. Entendendo como uma ironia do destino, já que acabara de concluir seu mestrado, fazia planos e queria iniciar os estudos para realizar um antigo sonho, o de se tornar juíza. Estudos que foram interrompidos pela trágica notícia e intenso tratamento. O medo de morrer e de não ver seu filho de apenas 5 anos crescer tomou conta.
Milena conta, num relato visceral, momentos vividos no tratamento, que trazem a reflexão do que realmente se pode chamar de cura.
Ela curou a alma com a oportunidade de tirar de dentro de si os espinhos que perfuravam seu coração. Espinhos aqui relatados abertamente, dando espaço à cura.
Antes mesmo do diagnóstico, em fase de investigação da doença, Déa entrou em sua vida de modo sobrenatural — contado aqui —, trazendo amparo ímpar e consciência, mostrando à Milena que ela tinha voz. Assim, Milena se tornou protagonista do próprio tratamento, desenvolvendo uma fala importante em suas redes sociais e em palestras para as quais é frequentemente convidada para contar seu relato de paciente, desmistificando o conceito de cuidados paliativos, cura, doença e dor.
Além da cura, é uma história sobre vida, sobre se desafiar a viver apesar do câncer. É sobre olhar profundo para a vida, com todas as suas cicatrizes, sem permitir análises rasas. É sobre viver plenamente, com plena consciência de sua finitude, com o alerta para que outras vidas sejam vividas em sua plenitude, sem precisar passar por um câncer para se dar conta disso. É sobre trazer à tona a triste realidade de que muitas vezes não é possível dar o último adeus, o último abraço, o último beijo. É sobre viver de corpo e alma, mesmo com a possibilidade real de não estar viva no dia seguinte. É sobre transmutar dor em alento ao próprio coração, entregar-se à vida e viver a melhor vida possível.