Agricultura familiar: processos educativos e perspectivas de reprodução social vem dar vez e voz às famílias de agricultores familiares e aos jovens filhos de agricultores familiares em todo o País, possibilitando-lhes, a seu modo, clamar por uma educação escolar que os contemple, que os respeite e dê cidadania aos seus saberes e fazeres, cultura e relacionamentos, permitindo-lhes que existam, no presente e no futuro, como são e se compreendem, usufruindo dos avanços da tecnologia e da modernidade, sem terem de trocar o campo pela cidade como se não fosse possível a convivência das e nas duas realidades. Os espaços rurais se tornam cada dia mais urbanizados, mas não é justo diluir experiências e saberes da agricultura nos saberes e experiências de vida na cidade. É preciso dar aos jovens filhos de agricultores familiares espaço e voz para manifestarem como vivem o seu dia a dia e os seus sonhos, frequentando um ambiente escolar que não os leva em conta, e uma educação que não trata nem se ocupa de seus saberes, sua cultura, seus relacionamentos e projetos. Crianças, adolescentes e jovens passam os 12 anos da educação básica, 12 anos preciosos de suas vidas, aprendendo, vendo, escutando que a vida no meio rural não conta, que a pequena agricultura parece não existir aos olhos da sociedade urbanizada e aos olhos da nação. Então se pergunta: quando é que o sistema brasileiro de ensino enxergará os agricultores familiares e pensará em uma educação escolar que contemple os agricultores familiares como sujeitos e cidadãos, com dignidade e direito de continuarem existindo e sendo respeitados e apoiados como são, como sabem e, principalmente, como parcela importante para a identidade e a sobrevivência da nação?